quarta-feira, 30 de junho de 2010

Estrutura da Educação

Para (LARROYO, 1974), a pedagogia dos fins do século XIX e início do século XX desenvolveu-se como uma reação aos velhos sistemas educativos que priorizavam o sistema de ensino centrado na figura do professor e na transmissão de conteúdos, sendo influenciada pela corrente pedagógica que ficou conhecida como “Pedagogia da Ação”. Essa corrente defendia principalmente que o conhecimento não era algo transmitido de fora para dentro, mas que o aprendizado partia da criança, através dos estímulos que essa recebe.

Nesse contexto surge nos fins do século XIX o movimento das escolas novas, que “superando a escola memorista e livresca com seu contexto intectualista da educação, estenderam a atividade escolar a outras manifestações da vida infantil, mediante a trabalhos manuais, técnicos e agrícolas”. (LARROYO, 1974, p .713 )

Segundo (VEIGA, 2007), os propagadores dessa pedagogia tinham nova concepção do tempo e do espaço escolares, assim como o do material pedagógico e do processo de transmissão do conhecimento. A educação era chamada de ativa, porque propunha integrar o processo de ensino aprendizagem ás exigências da velocidade, do automatismo industrial e da eficiência de resultados. Com isso, a escola torna-se espaço privilegiado para instruir e educar os futuros cidadãos e membros da sociedade.

Ainda para (VEIGA, 2007), concepções como escola nova, escola ativa e escola do trabalho são designações de uma nova pedagogia que variava segundo os autores e as tradições locais. Para essa autora, esse movimento pedagógico pode ser sintetizado em sete temas básicos: puericentrismo: (procedimentos didáticos centrados na criança); ênfase na aprendizagem pela atividade; motivação; estudo a partir do ambiente circundante; socialização; antiautoritarismo e antiintelectualismo (crítica ao verbalismo de muitos programas de ensino).

Dentre os diversos teóricos que se inseriram no movimento da Pedagogia da Ação, Dewey foi um grande contribuidor, estando inserido em uma corrente filosófica denominada pragmatismo, embora, de acordo com (PITOMBO, 1974), Dewey preferisse a denominação instrumentalismo.

De acordo com (VEIGA, 2007), o instrumentalismo defendido por Dewey pode ser resumido em quatro pontos:
1. Todo pensamento se origina de uma situação problemática;
2. Deve-se sempre levar em consideração as experiências anteriores para se elaborar situações problemáticas com significado concreto;
3. A resolução do problema deve partir de suposições e hipóteses, mecanismo que influência no desenvolvimento do ato de pensar;
4. Além de vivenciar situações individuais de aprendizagem é necessário agir em comunidade, cooperando com os diferentes grupos. O aperfeiçoamento das relações sociais é o elemento fundamental da ação educativa.

De acordo com artigo publicado na revista Nova Escola, em julho de 2008, denominado “John Dewey - O pensador que pôs a prática em foco”, Dewey sofreu forte influência tanto do evolucionismo das ciências naturais quanto do positivismo das ciências humanas. Sendo ainda muito influenciado pelo empirismo, o que o impulsionou a criar uma escola-laboratório em Chicago, EUA, esta que se manteve ligada à universidade onde lecionava para testar métodos pedagógicos.

Para (LARROYO, 1974, p. 724) Dewey foi o primeiro filósofo que “com profunda visão, se opôs à pedagogia herbartiana da educação pela instrução”, fugindo da simples transmissão de conteúdos, com atividade repetitiva e cansativa. Uma das principais propostas de Dewey consistia em educar a criança como um todo, valorizando o seu crescimento físico, emocional e intelectual.

Em suma podemos verificar que:

O princípio da ação rejeita a aprendizagem mecânica e formal, rotineira e tirânica; (...). O ensino pela ação deve atender ao interesse produtivo da criança, sua liberdade e iniciativa para o progresso social. O que importa guardar no espírito, com respeito à introdução, na escola, das diversas formas de ocupação ativa, é que mediante elas renova-se o espírito da escola. Existe esta oportunidade para filiar-se à vida, para fazer o ambiente natural da criança, onde esta aprende a viver realmente, em vez de ser um lugar onde se aprendem simplesmente lições que tenham uma abstrata e remota referência a alguma vida possível que venha a se realizar no porvir.” (LARROYO, 1974. p.725).


A filosofia de Dewey, para (PITOMBO, 1974), remete a uma prática docente baseada na liberdade do aluno para elaborar os seus próprios conhecimentos, os seus próprios conceitos.

De acordo com (CUNHA, 1994), o professor deve apresentar os conteúdos escolares na forma de questões ou problemas e jamais oferecer aos alunos respostas prontas sem a possibilidade de se levantar discussões. Ao invés de iniciar sua aula com a apresentação de conceitos já elaborados e acabados, o professor deve incentivar o seu aluno a raciocinar, a problematizar os temas em estudo, e a partir de levantamentos construir com os alunos os conceitos chaves para o estudo que está sendo realizado.

O legado proposto por Dewey nos finais do século XIX e início do século XX, ainda se mantém na atualidade. Na visão da revista Nova Escola suas ideias possuem forte presença nas teorias mais modernas da didática, como o construtivismo e as bases teóricas dos Parâmetros Curriculares Nacionais.



Bibliografia:

CUNHA, Marcus Vinícius. John Dewey: uma Filosofia para Educadores em Sala de Aula. Ed. Vozes. 1994.

DEWEY, John. Uma Filosofia para Educadores em Sala de Aula. Petrópolis. Ed. Vozes. 1999

LARROYO, Francisco. História Geral da Pedagogia. São Paulo. Ed. Mestre Jou. 1974.

PITOMBO, Maria Isabel. Conhecimento, Valor e Educação em John Dewey. São Paulo. Ed. Pioneira. 1974.

VEIGA, Cynthia Greive. História da Educação. São Paulo: Ática, 2007.

Autor desconhecido. John Dewey - O pensador que pôs a prática em foco. Disponível em: http://revistaescola.abril.com.br/historia/pratica-pedagogica. Acesso em: 14/05/2010. Publicado em julho/2008.

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